terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Charles H. Spurgeon e sua Vida em Momentos.

 
Há sempre aquelas pessoas as quais admiramos por sua vida e, sobretudo, por sua profunda intimidade com Deus. E uma delas, para mim, é Charles Spurgeon. Já li e continuo lendo suas literaturas, suas obras e biografias e como tem sido abençoador e inspirador em meu ministério. Spurgeon era o mais velho de dezessete filhos, sendo que nove morreram ainda na infância.

 Devido a dificuldades financeiras, com a idade de dezoito meses, ele foi enviado para viver com seu avô, que, como o pai de Charles, era um pregador calvinista obstinado. Ainda muito jovem, ele começou a ler os livros teológicos de seu pai e avô e a ouvir com atenção conversas teológicas. Em uma ocasião, o pastor Richard Knill profetizou sobre Charles: “Essa criança vai um dia pregar o evangelho, e ele vai pregar a grandes multidões”. Com dez anos de idade, Charles já estava lendo os puritanos com grande prazer e entusiasmo. 
 
Spurgeon começou a pregar logo depois de sua conversão a Jesus Cristo na idade de dezesseis anos. Ele logo se tornou o mais conhecido pregador da Bíblia no mundo em sua época, e talvez o melhor pregador da história da Igreja fora das Escrituras, junto com João Crisóstomo (347-407). Spurgeon pregou até dez vezes por semana, e foi ouvido por vinte milhões de pessoas a partir de seu púlpito, ao longo de sua vida. Quatro anos depois de sua conversão, na idade de vinte anos, ele foi nomeado o pastor da famosa  New Park Street Chapel, que antes era liderada pelo famoso teólogo Batista reformado John Gill. Sua igreja se tornou a maior do mundo no momento de sua morte, a Metropolitan Tabernacle. Spurgeon foi um estudante ao longo da sua vida. Ele tinha uma grande biblioteca construída em sua casa para que ele pudesse estudar continuamente, e ainda estar perto de sua esposa Susannah muito adoecida. Ele tinha uma grande mesa redonda, com uma dobradiça que lhe permitia sentar no meio dela com os seus livros queridos ao seu redor. Spurgeon estava também comprometido com a justiça social, indo tão longe a ponto de pregar contra a escravidão, que o tornou muito impopular nos Estados Unidos, onde seus sermões impressos foram proibidos e queimados. Spurgeon era também um homem muito piedoso, que abrindo e dirigindo um orfanato para crianças carentes. Muitos chamaram o orfanato do maior sermão que ele um dia pregou. Entretanto, ao longo de seu ministério, Spurgeon viveu sob o ataque constante, tanto por sua teologia conservadora quanto por seu ministério bem sucedido levando Spurgeon a ser expulso de sua própria denominação batista por não desistir de ensinar coisas como tormento eterno num inferno literal, a veracidade da Bíblia e a perfeição e inspiração divina das Escrituras. Em seus dias, Spurgeon foi atacado por legalistas hiper-calvinistas e liberais universalistas; o primeiro porque ele livremente pregou o evangelho a todas as pessoas, e o segundo porque Spurgeon não acreditou que todos seriam salvos. 

Spurgeon, numa caricatura de 1855
Seus sermões, a partir de 1855, começaram a ser impressos e vendidos a preços baixos para que assim as pessoas pudessem toda semana ter seus alimento espiritual: Esses sermões completaram 63 volumes, divididos em duas grandes seções, e completam 3563 sermões impressos sem interrupção até 1917 ( 25 anos depois de sua morte; pois muito sermões foram arquivados durante a vida de Spurgeon pára futura publicação). É considerado o maior volume de escritos por um cristão individualmente. É maior que a Enciclopédia Britânica
 
O lucro obtido desses sermões serviu para ampliar a publicação dos mesmo, bem como a manutenção de orfanatos e asilos. Tanto que o prédio do orfanato de meninas levou o nome de "Sermão". O sermão que mais teve sua tiragem impressa durante a vida de Spurgeon foi o que discorria sobre a polêmica da Regeneração Batismal praticada na Igreja da Inglaterra; chegou a 300.000 exemplares impressos em uma única semana.

Spurgeon também escreveu livros e tratados sobre a salvação teologia, e a vida cristã. Ele sempre priorizou que esses livros fossem vendidos a baixo custo, para que mais pudessem ter em mãos material de qualidade: talvez seu livreto mais famoso tenha sido o "All for Grace" (Tudo pela Graça), mas com certeza sua maior obra literária foi "Treasury of David" ( O tesouro de Davi) uma volumosa obra que consistia em uma grande compilação de comentários e explicações de vários autores cristão( e do próprio Spurgeon) sobre o Livro de Salmos, levou cerca de 20 anos para concluir. 

Spurgeon tambem fundou um colégio de pastores, para qualificar aqueles que eram vocacionados ao mistério pastortal e evangelistico. Por ele, a esposa de Spurgeon tambem levantou fundos e distribuiu muitos livros de homilética escritos para serem ajudas aos pregadores.  Nesse Colégio estudou João Manoel Gonçalves dos Santos, brasileiro, que foi mandando para lá para ser educado a pedido de Robert Kalley, amigo de Spurgeon, fundador da igreja Ciongregacioanl do Brasil ( em 1855). Depois da morte de Spurgeon, o colégio foi rebatizado de Spurgeon College, em homenagem a seu fundador

Charles H. Spurgeon foi desprezado pelos hiper-calvinistas de seu tempo por causa da sua paixão por pessoas que estavam perdidas sem Cristo como também por sua oferta contínua em prol do evangelho da graça para as massas, o que levou ao batismo 14.692 convertidos durante o seu ministério. Chegou a ter sua conversão contestada em pleno jornal! Apesar da oposição, Spurgeon nunca se esquivou de chamar a todos os homens ao arrependimento. Ele usou meios não convencionais, tais como a reunião em um teatro público (e não uma igreja) e a pregação em massa (não em um púlpito elevado), num esforço de ser mais culturalmente relevante em seu estilo de ministério. Curiosamente, porém, ele proibiu o uso de coros, órgãos e outros instrumentos musicais nos serviços de sua igreja. 

No entanto, após a sua morte, sessenta mil pessoas passaram diante do seu caixão aberto durante um único dia, com uma multidão semelhante no dia seguinte. Quatro memoriais foram realizados em um dia para os membros da igreja, ministros e estudantes, membros de outras denominações, e ao público em geral, respectivamente. A estrada para o cemitério estava cheia de centenas de pessoas cujas vidas foram tocadas pelo poder do evangelho da graça através desse servo de Cristo. Charles Haddon Spurgeon, uma vida que fez a diferença! E que em nossos dias possamos nos posicionar como este homem diante dos desafios de nossa época para a glória de Deus. 

John Macarthur - Spurgeon Contra a Pregação Mundana

 


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Passagens da Vida de George Whitefield


   A partir de 1737, com apenas 23 anos, George Whitefield (1714-1770) assustou a Inglaterra com uma série de sermões que transformaram a sociedade britânica. Atacado pelo clero, pela imprensa e até por uma multidão de insatisfeitos, Whitefield se tomou o pregador mais popular naquela época. Entretanto, antes disso, ele passou por situações muito semelhantes as que experimentam alguns missionários nos dias atuais.
   Repetidas vezes, ele teve de pregar fora dos portões do templo pelo simples fato de sua pregação apaixonada ser muito distante da usual formalidade dos pastores daquele tempo. Ele chegou a ser agredido em algumas ocasiões. Na cidade de Basingstoke, por exemplo, foi espancado a pauladas. Em Moorfield, destruíram a mesa que lhe servia de púlpito. Em Exeter, durante uma pregação para dez mil pessoas, Whitefield foi apedrejado. "Pregava para as multidões ao ar livre, porque as igrejas na Inglaterra do século 18 não o recebiam".
   Nada, porém, podia conter aquela mensagem. A influência de Whitefield cresceu de tal forma que ele era capaz de manter atentas 20 mil pessoas, encantadas com seus sermões, por mais de duas horas. Durante 34 anos, a voz de George Whitefield ressoou na Inglaterra e América do Norte. Whitefield era um calvinista firme, de origem metodista. Era um evangelista agressivo que cruzou o Oceano Atlântico 13 vezes a fim de proclamar a salvação também na América. Ele se tornou o pregador favorito dos mineiros de carvão e dos valentões de Londres porque ia até eles em vez de esperá-los dentro das igrejas.
   Histórico familiar — Whitefield, um pregador fascinante, contrariou todas as teorias "deterministas". Nasceu em uma taberna em que eram servidas bebidas alcoólicas e morreu pregando a Palavra de Deus como um dos mais sérios servos de Deus de toda a História. Seu pai faleceu quando ele ainda era um bebê. Sua mãe se casou novamente, mas a nova união não melhorou as coisas para o pequeno George, que continuava a limpar os quartos, lavar roupas e servir bebidas aos hóspedes da pensão de sua mãe.
   No entanto, apesar de sua família não ser convertida ao Evangelho, Whitefield gostava de ler a Bíblia.Alguns historiadores afirmam que ele foi orientado a manter contato com a Escritura Sagrada por alguns clientes que passavam pela estalagem. Outros, no entanto, preferem atribuir o interesse de George pela Palavra a um milagre de Deus. O fato é que, desde cedo, ele demonstrou talento para a oratória.  Alguns anos mais tarde, quando estudava no Pembroke College, em Oxford, Whitefield reunia com frequência pequenos grupos de colegas em seus aposentos com o propósito de orar e estudar a Bíblia. Conta-se que não eram raras as ocasiões em que os presentes recebiam o batismo com o Espírito Santo.
   Os biógrafos asseveram que ele dividia seu tempo livre de tal forma a ficar, aproximadamente, oito horas por dia em devoção a Deus. Na época, ainda jovem, trabalhava como garçom em bares noturnos como meio de sobrevivência. Naquele exato período de sua vida, o futuro pregador conheceu John Wesley e foi, então, que começaram a jejuar e a estudar a Bíblia. Whitefield compilou alguns dos conceitos mais famosos de Wesley, dentre eles: A verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós.
Ainda muito cedo, Whitefield teve de voltar para a casa de sua mãe para poder recuperar-se de um problema respiratório que o assolou em todo o seu ministério.
   Para não perder o objetivo da obra de Deus, entretanto, George Whitefield montou uma pequena classe de estudos Bíblicos e começou a visitar os pobres e doentes da região. Os membros de sua igreja não ficaram indiferentes aquele talento e, embora fosse norma não consagrar ao pastorado alguém com menos de 23 anos, Whitefield tornou-se ministro do Evangelho aos 21 anos, por insistência daquela igreja. Mesmo antes de cumprir sua determinação pessoal, de escrever cem sermões para, mais tarde, apresentá-los à igreja e pleitear sua ordenação, Whitefied aceitou o desafio.
Suas primeiras pregações como ministro do Evangelho foram tão intensas, que algumas pessoas se assustaram. Os anciões da igreja, no entanto, deram-lhe apoio e ele entendeu, naquele gesto, uma lição que escrevera para a posteridade:
   Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de pregar; e a última dada ao povo para ouvir a Palavra de Deus. Curiosamente ele, raramente, pregava sem chorar: Vós me censurais por que choro. Mas como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem à beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo, admoestava.
   Essa paixão irresistível pela pregação da Palavra é a melhor explicação para alguns fenômenos, ou melhor, milagres espirituais que acompanhariam a carreira ministerial de Whitefield. Em 1750, por exemplo, ele conseguiu reunir dez mil pessoas, diariamente, nas ruas de Londres durante 28 dias, em um evento que, hoje, chamaríamos de cruzadas evangelísticas. Entretanto, a diferença é que ele pregava em uma época em que não havia microfones ou quaisquer outros recursos tecnológicos para ampliar o volume de sua voz. Jornais daquela época registraram que Whitefield podia ser ouvido por mais de 1 km, apesar de seu corpo franzino e de sua voz fraca, por causa dos problemas de saúde. Isso era um milagre de Deus com certeza.
Em outra ocasião, pregando a alguns marinheiros, Whitefield descreveu um navio no olho de um floração. O sermão foi apresentado de maneira tão real, que, no momento em que o pregador descrevia o barco afundando, foi interrompido pelo grito dos marinheiros apavorados com o que consideraram a própria visão do inferno.
   Whitefleld, ao contrário do que muitos imaginavam, era um evangelista-missionário. Jamais quis abrir igrejas para levar seus milhares de convertidos. Pelo contrário: ele os orientava a procurarem igrejas locais. Isso porque, dizem seus biógrafos, sua missão evangelística tomava-o de tal forma que não havia nele qualquer interesse na abertura de templos ou em ter conforto. Nas 13 vezes em que realizou cruzadas evangelísticas nos Estados Unidos, Whitefield viajou, a princípio, para colaborar com o orfanato que abrira no estado da Geórgia. Ele adorava pregar para os órfãos e, para muitos deles, Whitefield era a única referência paterna.
   Aos 65 anos de idade, já muito doente, Whitefleld ministrou durante duas horas para uma multidão que o esperava em Exeter, Inglaterra. Na mesma noite, partiu para a cidade de Newburysport, a fim de hospedar-se na casa do pastor local. Durante a madrugada, falou ainda com alguns colegas por cerca de 30 minutos e subiu as escadas para o seu dormitório. Lá, morreu, pregando a Palavra de salvação até o último minuto de vida ao seu companheiro de quarto.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Irmão André - Biografia resumida




Maior missionário do Século XX, conhecido como "O Contrabandista de Deus


1928 Nasce na Holanda no dia 11 de Maio.
1949 Aos 21 anos ocorre a sua conversão.
1955 Forma-se na escola missionária da Cruzada Mundial de Evangelização (WEC - Worldwide Evangelism Crusade), com sede em Glasgow, na Escócia.
1955 Assiste ao Festival da Juventude Comunista da Polónia. Fica impressionado com o entusiasmo dos jovens com um credo sem Deus. Sente-se então chamado por Deus para levar a Sua Palavra aos países socialistas. Nasce assim a Missão Portas Abertas.
1955 Realiza sua 1ª viagem missionária ao leste europeu enquanto contrabandeava literatura cristã.
1957 1ª viagem contrabandeando bíblias para a União Soviética no seu carocha azul.
1965 1ª viagem missionária à China Comunista, não conseguindo contudo fazer contacto com algum cristão.
1967 Lança sua obra mais famosa: O Contrabandista de Deus, onde conta as suas aventuras de contrabando de Bíblias para países comunistas e os livramentos que Deus proporcionou na sua vida. O livro foi um best-seller, tendo vendido 10 milhões de cópias e sendo traduzido para mais de 28 idiomas.
1967 Devido ao sucesso do livro O Contrabandista de Deus torna-se conhecido no mundo comunista, não podendo mais realizar tantas viagens ao bloco. Passa a realizar viagens missionárias aos cristãos perseguidos noutras regiões do mundo.
1974 Publica outra obra de grande sucesso: Não Há Portas Fechadas!, onde explica e defende teologicamente a necessidade do contrabando de bíblias.
1975 Organiza nas Filipinas a conferência de Portas Abertas "Ame a China" para encorajar o ministério na China.
1978 Realiza o Congresso Portas Abertas "Ame a África" no Malawi. Dezenas de agências missionárias e muitas igrejas unem-se para promover a evangelização do continente africano.
1978 Em São Paulo, funda o escritório da Missão Portas Abertas no Brasil.
1981 Lança o Projecto Pérola: 1 milhão de bíblias são contrabandeadas por Portas Abertas aos cristãos chineses numa única noite!
1981 A revista Time publica na edição de 19 de outubro a manchete "expedição audaciosa", relatando o contrabando de 1 milhão de bíblias para a China Comunista em apenas um dia.
1983 Começa a Campanha Mundial de Oração de 7 Anos, promovido por Portas Abertas, para o fim do socialismo na URSS.
1985 Projecto Fogo Cruzado: 5 milhões de exemplares de literatura cristã são enviados ao jovens latino-americanos.
1986 Lança o Projecto Timóteo de Portas Abertas para treinamento de líderes cristãos na África do Sul. 1989 Alvo 1 Milhão: projecto que visa enviar 1 milhão de Novos Testamentos para a Rússia. Alvo alcançado em 1990. 1990 Inicia-se a Campanha Mundial de Oração de 10 Anos pelo mundo muçulmano. 1991 Operação ABC: 1 milhão de bíblias para as crianças da ex-URSS.
1993 Doação de 50 mil bíblias da 1ª edição completa em Albanês para o presidente da Albânia, um país até então declaradamente ateu.
1994 Prega numa campanha evangelística que Portas Abertas realiza, durante 5 dias, no Estádio Qaddafi no Paquistão. Milhares de pessoas ouvem o Evangelho num país muçulmano.
1996 Lança seu 10° livro: Desafiando os Limites da Fé, onde compartilha 10 passos pelos quaisl Deus tem trabalhado na sua vida.
1997 Recebe o Prêmio Liberdade Religiosa da Associação Evangélica Mundial, em reconhecimento aos serviços à Igreja Perseguida.
2003 Depois de 25 anos, realiza sua 2ª visita ao Brasil, tendo pregado e conferenciado em 13 cidades deste país.
http://www.portasabertas.org.br/

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Grande exemplo de Oswald Smith

Uma visão capaz de influenciar o Mundo   

 Embora desejasse muito, ele não chegou a se tornar um missionário transcultural. Todas as suas tentativas de se estabelecer no campo missionário foram fracassadas em razão de complicações com a saúde; sem contar o fato de ter sido rejeitado como candidato por uma organização missionária. Nem por isso, desistiu de sua visão de alcançar o mundo com o evangelho. Pelo contrário, já que não tinha condições de ir pessoalmente, resolveu enviar outros em seu lugar. Um de seus lemas era: “Nenhuma visão que não seja o mundo é a visão de Deus”. Seu nome era Oswald Smith, pastor da Igreja do Povo, em Toronto, no Canadá, homem que sustentou centenas de missionários e chegou a enviar mais missionários para o mundo do que qualquer outra igreja de sua época. Suas iniciativas para influenciar o mundo foram tão grandes que milhares de pessoas o chamavam de “Sr. Missões”.
    É fantástico quando a visão de Deus alcança o coração de um homem! A visão de Deus é aquela que sonda a necessidade de cada ser humano e produz uma ação prática para responder à humanidade e revelar Sua glória em todos os continentes, países, cidades, povos, aldeias e malocas. João bem descreve que essa perspectiva global da humanidade moveu o coração de Deus a ponto de dar seu Filho unigênito para a salvação de todos os homens, em todos os lugares. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
   O projeto divino é global e sempre foi desenvolvido a partir desta perspectiva. Portanto, identificarmo-nos com uma visão global – em semelhança a homens como Oswald Smith – e trabalharmos para influenciar as nações é agir de acordo com os propósitos de Deus. Não se trata de modismo ou influência do movimento moderno de globalização, mas de uma atitude de obediência ao mandamento divino: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8).
   Desta forma, podemos afirmar que o desafio para a igreja deste novo milênio é corresponder aos seus desafios locais, mas ao mesmo tempo pensar, visualizar e agir globalmente. Isto é, de maneira simultânea, tanto numa ação local, como num mutirão global.
   Seria pedir de mais, requerer que uma igreja local desenvolva uma consciência e uma ação global? Bem, se uma empresa, no mundo de hoje, que não pensa globalmente está condenada à estagnação, o que dizer de uma igreja que não tem uma visão global e não considera sua tarefa globalmente? A igreja foi estabelecida para corresponder aos desafios mundiais e deve ser caracterizada por sua visão do mundo. De outra forma, ela perde sua identidade e nega a sua natureza como agência do Reino de Deus para as nações.
   Não há dúvidas de que mais do que em qualquer outro tempo, o mundo clama por homens e mulheres com uma visão de Deus. Este cenário transforma em urgente a tarefa de cada igreja local se identificar com a visão do alto e assumir ações transformadoras, em todas as partes do planeta.
    Depois das tsunamis, em dezembro de 2004, veio o terremoto, em maio de 2006. Em junho do mesmo ano, lá estava outra tsunami. Agora, o maior país muçulmano do mundo, a Indonésia, sofre com a lama quente de um vulcão – em erupção em setembro de 2006 – que amplia o estado de destruição e eleva o número de desabrigados no país. De maneira angustiante e com a esperança de uma vida melhor abalada, o povo clama por socorro ao deus do Alcorão.
   E o que dizer daqueles que vivem em condições mais favoráveis, mas clamam por nunca terem sido alcançados pela pregação verbal do evangelho? São, pelo menos, 2,3 bilhões de pessoas que não tiveram ainda a chance de ouvir o evangelho de forma compreensível. Estamos falando de pessoas que vivem em contextos de isolamento geográfico, religioso e social e para serem alcançadas carecem de ajuda externa, como, por exemplo, a intervenção de um missionário.
   Em nossa própria nação, de um total de 251 tribos indígenas , cerca de 113 tribos não têm a presença de missionários evangélicos. Há ainda uma enorme quantidade de comunidades em todo o país, inclusive sertanejos e ribeirinhos, que não têm acesso ao evangelho. Segundo dados oferecidos pela Missão Juvep, somente na zona rural nordestina do nosso país, destacam-se mais de 320 municípios com 97% de pessoas que não conhecem o evangelho e mais de 10.000 aglomerados humanos sem nenhum crente. Calcula-se que em todo o sertão cerca de 95% das pessoas nunca foram evangelizadas...
   É urgente expandirmos nossa ação e influenciarmos o mundo a partir de uma visão dada por Deus! Vale lembrar aqui que uma igreja que expande seus horizontes e atua globalmente não é aquela que disputa terreno com outras igrejas e faz da sua denominação uma marca registrada em cada país do mundo. Uma igreja que obedece a ordem divina é aquela que anuncia o evangelho e faz discípulos onde Cristo ainda não foi nomeado.
   Ainda hoje, mesmo depois de sua morte no ano de 1986, a vida de Oswald Smith se destaca por sua visão global, capaz de influenciar o mundo. Testemunhos de vida como esse, além de empolgantes, servem-nos como amostra do que a visão de Deus pode fazer no coração de alguém apaixonado pela evangelização mundial.
Senhor, contempla a Igreja brasileira e nos dá a Tua visão, capaz de influenciar o mundo!

Nota: 1) O número de tribos indígenas brasileiras tem variado ao longo dos anos. Dessa forma, os números apresentados no texto estão de acordo com dados mais recentes divulgados pela FUNAI.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Primeiro Missionário.



                Textos de Othon Ávila Amaral, historiador, membro da IB Betel em Mesquita (RJ).
     
      João Jorge de Oliveira (1882-1957) foi o primeiro missionário das igrejas batistas do Brasil em Portugal. Converteu-se na Congregação Batista do Engenho de Dentro/RJ, em 1898, quando tinha 16 anos, ouvindo o vibrante evangelista Pedro Sebastião Barbosa (1858?-1921), decisão confirmada posteriormente após ouvir outro grande evangelista, Florentino Rodrigues da Silva. Estudou nos Estados Unidos, na Universidade de Baylor, e lá foi consagrado ao pastorado. Retornou ao Brasil e trabalhou em Belém/PA como representante da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
     Em 1910, João Jorge de Oliveira chega novamente a Belém e decide visitar a sede da Junta de Missões Estrangeiras, cuja sede estava na cidade de Recife/PE, e cujo Secretário Correspondente era o missionário Salomão Ginsburg. Lá manifesta o seu propósito de seguir para o campo missionário, recebendo total apoio dos membros da Junta. Seguiu para a cidade de Campos/RJ, onde seria realizada a 5ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, e lá representou a Missão do Amazonas.
    Exatamente na noite de 23 de junho de 1911, a Comissão deu parecer sobre Missões Estrangeiras, liderada pelo Pr. William Buck Bagby e coadjuvada pelos pastores Alberto Lessa e José Gresenberg, e recomendou: 1) que os batistas brasileiros continuassem a sustentar o trabalho no Chile; 2) que o irmão João Jorge Oliveira fosse imediatamente enviado para Portugal; e 3) que as igrejas trabalhassem para levantar 10 mil contos de réis, durante um ano, para esta obra missionária urgente e importantíssima.  
    Finalmente aprovado o parecer, e depois da entusiasmada palavra do novo missionário, João Jorge Oliveira, o Presidente da Junta, James J. Taylor, convocou um momento de consagração com imposição de mãos dirigido em oração pelo irmão Ernesto Alonso Jackson. Eram membros da Junta de Missões Estrangeiras: Ernesto A. Jackson, Francis Marion Edwards, James Jackson Taylor (Presidente); Salomão Luiz Ginsburg (Secretário Correspondente), John Watson Shepard, Theodoro Rodrigues Teixeira, Menandro Martins (Secretário Arquivista), Thomaz Lourenço da Costa (Tesoureiro), J. A. Gouveia (Vice-presidente). Antes de seguir para Portugal, João Jorge de Oliveira passou por Garanhuns/PE, onde se casou com Prelediana Frias, pernambucana e filha de portugueses.