terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Charles H. Spurgeon e sua Vida em Momentos.

 
Há sempre aquelas pessoas as quais admiramos por sua vida e, sobretudo, por sua profunda intimidade com Deus. E uma delas, para mim, é Charles Spurgeon. Já li e continuo lendo suas literaturas, suas obras e biografias e como tem sido abençoador e inspirador em meu ministério. Spurgeon era o mais velho de dezessete filhos, sendo que nove morreram ainda na infância.

 Devido a dificuldades financeiras, com a idade de dezoito meses, ele foi enviado para viver com seu avô, que, como o pai de Charles, era um pregador calvinista obstinado. Ainda muito jovem, ele começou a ler os livros teológicos de seu pai e avô e a ouvir com atenção conversas teológicas. Em uma ocasião, o pastor Richard Knill profetizou sobre Charles: “Essa criança vai um dia pregar o evangelho, e ele vai pregar a grandes multidões”. Com dez anos de idade, Charles já estava lendo os puritanos com grande prazer e entusiasmo. 
 
Spurgeon começou a pregar logo depois de sua conversão a Jesus Cristo na idade de dezesseis anos. Ele logo se tornou o mais conhecido pregador da Bíblia no mundo em sua época, e talvez o melhor pregador da história da Igreja fora das Escrituras, junto com João Crisóstomo (347-407). Spurgeon pregou até dez vezes por semana, e foi ouvido por vinte milhões de pessoas a partir de seu púlpito, ao longo de sua vida. Quatro anos depois de sua conversão, na idade de vinte anos, ele foi nomeado o pastor da famosa  New Park Street Chapel, que antes era liderada pelo famoso teólogo Batista reformado John Gill. Sua igreja se tornou a maior do mundo no momento de sua morte, a Metropolitan Tabernacle. Spurgeon foi um estudante ao longo da sua vida. Ele tinha uma grande biblioteca construída em sua casa para que ele pudesse estudar continuamente, e ainda estar perto de sua esposa Susannah muito adoecida. Ele tinha uma grande mesa redonda, com uma dobradiça que lhe permitia sentar no meio dela com os seus livros queridos ao seu redor. Spurgeon estava também comprometido com a justiça social, indo tão longe a ponto de pregar contra a escravidão, que o tornou muito impopular nos Estados Unidos, onde seus sermões impressos foram proibidos e queimados. Spurgeon era também um homem muito piedoso, que abrindo e dirigindo um orfanato para crianças carentes. Muitos chamaram o orfanato do maior sermão que ele um dia pregou. Entretanto, ao longo de seu ministério, Spurgeon viveu sob o ataque constante, tanto por sua teologia conservadora quanto por seu ministério bem sucedido levando Spurgeon a ser expulso de sua própria denominação batista por não desistir de ensinar coisas como tormento eterno num inferno literal, a veracidade da Bíblia e a perfeição e inspiração divina das Escrituras. Em seus dias, Spurgeon foi atacado por legalistas hiper-calvinistas e liberais universalistas; o primeiro porque ele livremente pregou o evangelho a todas as pessoas, e o segundo porque Spurgeon não acreditou que todos seriam salvos. 

Spurgeon, numa caricatura de 1855
Seus sermões, a partir de 1855, começaram a ser impressos e vendidos a preços baixos para que assim as pessoas pudessem toda semana ter seus alimento espiritual: Esses sermões completaram 63 volumes, divididos em duas grandes seções, e completam 3563 sermões impressos sem interrupção até 1917 ( 25 anos depois de sua morte; pois muito sermões foram arquivados durante a vida de Spurgeon pára futura publicação). É considerado o maior volume de escritos por um cristão individualmente. É maior que a Enciclopédia Britânica
 
O lucro obtido desses sermões serviu para ampliar a publicação dos mesmo, bem como a manutenção de orfanatos e asilos. Tanto que o prédio do orfanato de meninas levou o nome de "Sermão". O sermão que mais teve sua tiragem impressa durante a vida de Spurgeon foi o que discorria sobre a polêmica da Regeneração Batismal praticada na Igreja da Inglaterra; chegou a 300.000 exemplares impressos em uma única semana.

Spurgeon também escreveu livros e tratados sobre a salvação teologia, e a vida cristã. Ele sempre priorizou que esses livros fossem vendidos a baixo custo, para que mais pudessem ter em mãos material de qualidade: talvez seu livreto mais famoso tenha sido o "All for Grace" (Tudo pela Graça), mas com certeza sua maior obra literária foi "Treasury of David" ( O tesouro de Davi) uma volumosa obra que consistia em uma grande compilação de comentários e explicações de vários autores cristão( e do próprio Spurgeon) sobre o Livro de Salmos, levou cerca de 20 anos para concluir. 

Spurgeon tambem fundou um colégio de pastores, para qualificar aqueles que eram vocacionados ao mistério pastortal e evangelistico. Por ele, a esposa de Spurgeon tambem levantou fundos e distribuiu muitos livros de homilética escritos para serem ajudas aos pregadores.  Nesse Colégio estudou João Manoel Gonçalves dos Santos, brasileiro, que foi mandando para lá para ser educado a pedido de Robert Kalley, amigo de Spurgeon, fundador da igreja Ciongregacioanl do Brasil ( em 1855). Depois da morte de Spurgeon, o colégio foi rebatizado de Spurgeon College, em homenagem a seu fundador

Charles H. Spurgeon foi desprezado pelos hiper-calvinistas de seu tempo por causa da sua paixão por pessoas que estavam perdidas sem Cristo como também por sua oferta contínua em prol do evangelho da graça para as massas, o que levou ao batismo 14.692 convertidos durante o seu ministério. Chegou a ter sua conversão contestada em pleno jornal! Apesar da oposição, Spurgeon nunca se esquivou de chamar a todos os homens ao arrependimento. Ele usou meios não convencionais, tais como a reunião em um teatro público (e não uma igreja) e a pregação em massa (não em um púlpito elevado), num esforço de ser mais culturalmente relevante em seu estilo de ministério. Curiosamente, porém, ele proibiu o uso de coros, órgãos e outros instrumentos musicais nos serviços de sua igreja. 

No entanto, após a sua morte, sessenta mil pessoas passaram diante do seu caixão aberto durante um único dia, com uma multidão semelhante no dia seguinte. Quatro memoriais foram realizados em um dia para os membros da igreja, ministros e estudantes, membros de outras denominações, e ao público em geral, respectivamente. A estrada para o cemitério estava cheia de centenas de pessoas cujas vidas foram tocadas pelo poder do evangelho da graça através desse servo de Cristo. Charles Haddon Spurgeon, uma vida que fez a diferença! E que em nossos dias possamos nos posicionar como este homem diante dos desafios de nossa época para a glória de Deus. 

John Macarthur - Spurgeon Contra a Pregação Mundana

 


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Passagens da Vida de George Whitefield


   A partir de 1737, com apenas 23 anos, George Whitefield (1714-1770) assustou a Inglaterra com uma série de sermões que transformaram a sociedade britânica. Atacado pelo clero, pela imprensa e até por uma multidão de insatisfeitos, Whitefield se tomou o pregador mais popular naquela época. Entretanto, antes disso, ele passou por situações muito semelhantes as que experimentam alguns missionários nos dias atuais.
   Repetidas vezes, ele teve de pregar fora dos portões do templo pelo simples fato de sua pregação apaixonada ser muito distante da usual formalidade dos pastores daquele tempo. Ele chegou a ser agredido em algumas ocasiões. Na cidade de Basingstoke, por exemplo, foi espancado a pauladas. Em Moorfield, destruíram a mesa que lhe servia de púlpito. Em Exeter, durante uma pregação para dez mil pessoas, Whitefield foi apedrejado. "Pregava para as multidões ao ar livre, porque as igrejas na Inglaterra do século 18 não o recebiam".
   Nada, porém, podia conter aquela mensagem. A influência de Whitefield cresceu de tal forma que ele era capaz de manter atentas 20 mil pessoas, encantadas com seus sermões, por mais de duas horas. Durante 34 anos, a voz de George Whitefield ressoou na Inglaterra e América do Norte. Whitefield era um calvinista firme, de origem metodista. Era um evangelista agressivo que cruzou o Oceano Atlântico 13 vezes a fim de proclamar a salvação também na América. Ele se tornou o pregador favorito dos mineiros de carvão e dos valentões de Londres porque ia até eles em vez de esperá-los dentro das igrejas.
   Histórico familiar — Whitefield, um pregador fascinante, contrariou todas as teorias "deterministas". Nasceu em uma taberna em que eram servidas bebidas alcoólicas e morreu pregando a Palavra de Deus como um dos mais sérios servos de Deus de toda a História. Seu pai faleceu quando ele ainda era um bebê. Sua mãe se casou novamente, mas a nova união não melhorou as coisas para o pequeno George, que continuava a limpar os quartos, lavar roupas e servir bebidas aos hóspedes da pensão de sua mãe.
   No entanto, apesar de sua família não ser convertida ao Evangelho, Whitefield gostava de ler a Bíblia.Alguns historiadores afirmam que ele foi orientado a manter contato com a Escritura Sagrada por alguns clientes que passavam pela estalagem. Outros, no entanto, preferem atribuir o interesse de George pela Palavra a um milagre de Deus. O fato é que, desde cedo, ele demonstrou talento para a oratória.  Alguns anos mais tarde, quando estudava no Pembroke College, em Oxford, Whitefield reunia com frequência pequenos grupos de colegas em seus aposentos com o propósito de orar e estudar a Bíblia. Conta-se que não eram raras as ocasiões em que os presentes recebiam o batismo com o Espírito Santo.
   Os biógrafos asseveram que ele dividia seu tempo livre de tal forma a ficar, aproximadamente, oito horas por dia em devoção a Deus. Na época, ainda jovem, trabalhava como garçom em bares noturnos como meio de sobrevivência. Naquele exato período de sua vida, o futuro pregador conheceu John Wesley e foi, então, que começaram a jejuar e a estudar a Bíblia. Whitefield compilou alguns dos conceitos mais famosos de Wesley, dentre eles: A verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós.
Ainda muito cedo, Whitefield teve de voltar para a casa de sua mãe para poder recuperar-se de um problema respiratório que o assolou em todo o seu ministério.
   Para não perder o objetivo da obra de Deus, entretanto, George Whitefield montou uma pequena classe de estudos Bíblicos e começou a visitar os pobres e doentes da região. Os membros de sua igreja não ficaram indiferentes aquele talento e, embora fosse norma não consagrar ao pastorado alguém com menos de 23 anos, Whitefield tornou-se ministro do Evangelho aos 21 anos, por insistência daquela igreja. Mesmo antes de cumprir sua determinação pessoal, de escrever cem sermões para, mais tarde, apresentá-los à igreja e pleitear sua ordenação, Whitefied aceitou o desafio.
Suas primeiras pregações como ministro do Evangelho foram tão intensas, que algumas pessoas se assustaram. Os anciões da igreja, no entanto, deram-lhe apoio e ele entendeu, naquele gesto, uma lição que escrevera para a posteridade:
   Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de pregar; e a última dada ao povo para ouvir a Palavra de Deus. Curiosamente ele, raramente, pregava sem chorar: Vós me censurais por que choro. Mas como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem à beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo, admoestava.
   Essa paixão irresistível pela pregação da Palavra é a melhor explicação para alguns fenômenos, ou melhor, milagres espirituais que acompanhariam a carreira ministerial de Whitefield. Em 1750, por exemplo, ele conseguiu reunir dez mil pessoas, diariamente, nas ruas de Londres durante 28 dias, em um evento que, hoje, chamaríamos de cruzadas evangelísticas. Entretanto, a diferença é que ele pregava em uma época em que não havia microfones ou quaisquer outros recursos tecnológicos para ampliar o volume de sua voz. Jornais daquela época registraram que Whitefield podia ser ouvido por mais de 1 km, apesar de seu corpo franzino e de sua voz fraca, por causa dos problemas de saúde. Isso era um milagre de Deus com certeza.
Em outra ocasião, pregando a alguns marinheiros, Whitefield descreveu um navio no olho de um floração. O sermão foi apresentado de maneira tão real, que, no momento em que o pregador descrevia o barco afundando, foi interrompido pelo grito dos marinheiros apavorados com o que consideraram a própria visão do inferno.
   Whitefleld, ao contrário do que muitos imaginavam, era um evangelista-missionário. Jamais quis abrir igrejas para levar seus milhares de convertidos. Pelo contrário: ele os orientava a procurarem igrejas locais. Isso porque, dizem seus biógrafos, sua missão evangelística tomava-o de tal forma que não havia nele qualquer interesse na abertura de templos ou em ter conforto. Nas 13 vezes em que realizou cruzadas evangelísticas nos Estados Unidos, Whitefield viajou, a princípio, para colaborar com o orfanato que abrira no estado da Geórgia. Ele adorava pregar para os órfãos e, para muitos deles, Whitefield era a única referência paterna.
   Aos 65 anos de idade, já muito doente, Whitefleld ministrou durante duas horas para uma multidão que o esperava em Exeter, Inglaterra. Na mesma noite, partiu para a cidade de Newburysport, a fim de hospedar-se na casa do pastor local. Durante a madrugada, falou ainda com alguns colegas por cerca de 30 minutos e subiu as escadas para o seu dormitório. Lá, morreu, pregando a Palavra de salvação até o último minuto de vida ao seu companheiro de quarto.